A Hiperautomação é um conceito relativamente novo, explorado como tendência pelo Gartner no final de 2019. Como muitos de vocês podem imaginar, a Hiperautomação é proveniente da evolução do que já conhecemos por Automação, mas agrega outras coisas muito importantes além de toda a filosofia de orquestração intrínseca a ela.

Propósito

Algo crucial que precisamos entender e que direcionou o conceito da Hiperautomação, é o propósito por trás disso tudo. A Hiperautomação é centrada nas pessoas. Ela visa alavancar ainda mais o uso e a orquestração de capacidades (assets) digitais com o propósito de assumir grande parte das nossas tarefas operacionais, e ser inteligente para solucionar problemas.

Dentre uma série de assets digitais que podem ser orquestrados dentro de uma jornada de Hiperautomação, dois deles se destacam muito por proporcionarem resultados diretamente alinhados com o propósito em questão:

  • RPA, com alto foco na automação de tarefas humanas, repetitivas ou não; e
  • iBPMS, em que a automação de processos de negócio pode contar com recursos essenciais baseados em Inteligência Artificial (IA) para ajudar nas tomadas de decisão e na resolução de problemas.

 

Assets Digitais

Quando analisamos uma determinada operação, área ou processo de negócio de uma organização, rapidamente chegamos à conclusão de que na grande maioria dos casos tudo é realizado por pessoas, e de maneira bastante artesanal e manual.

Significa dizer que as pessoas normalmente priorizam seus afazeres e realizam o seu trabalho utilizando seus próprios controles (planilhas, tasks, sinalizações de e-mails etc.), comunicam-se uns com os outros das mais diferentes formas (e-mail, WhatsApp, telefone, comunicadores instantâneos etc.), sem falar da necessidade de se operar inúmeros sistemas para consultar ou registrar informações inerentes às suas atividades (ALT+Tab, login, senha, menus de aplicação, acesso a relatórios, consultas, gravações etc.).

O trabalho operacional das pessoas é, sem dúvidas, extremamente árduo. Completamente na contra mão do que prega a Hiperautomação: Ajudar as pessoas operacionalmente e nas suas tomadas de decisão, visando à resolução de problemas.

Sabemos que a tecnologia em si facilita a vida das pessoas, e sabemos também que ela pode ser representada por inúmeros recursos digitais, a que me refiro como assets digitais. Podemos exemplificar os assets digitais de diversas formas e tipos, por exemplo:

  • Canais digitais e modelos de negócios – Uso da mobilidade, monetização por meio de APIs, Blockchain, ativos alavancados…
  • Capacidades digitais – Automação de processos, robotização de atividades humanas, gerenciamento de decisões, gerenciamento de conteúdos digitais, gerenciamento de dados mestre, IA, ML, insights, recomendações analíticas, sistemas…
  • Infraestrutura digital – Integração por meio de APIs, uso de uma arquitetura SOA, aptidão para interoperar em hybrid cloud, middleware escalável, low-code, DevOps…

Combinar as capacidades e os assets digitais que fazem sentido ao dia a dia das pessoas e aos processos da organização é o fator chave. Significa pensar na utilização orquestrada desses recursos, visando facilitar a vida das pessoas, e ao mesmo tempo escalar o negócio exponencialmente através da automação – Hiperautomação.

Jornada

O termo jornada aqui cabe bem, e não há receita de bolo que sirva para qualquer desafio ou qualquer organização. É preciso pensar de forma específica a respeito da cadeia de problemas e de oportunidades existente, e também o que se tem à disposição em termos de assets digitais.

Quando pensamos numa jornada de Hiperautomação, buscamos estender os seres humanos com o apoio do trabalho digital que os assets digitais entregam. E isso não é feito da noite para o dia. É preciso ir experimentando e aprimorando essa evolução ao longo do tempo. Partir de um cenário artesanal e manual para um cenário no estado da arte pode levar algum tempo.

Para refletir

Algumas reflexões que podem significar um estímulo para o início de uma jornada de Hiperautomação:

  • Faz sentido termos muitas atividades repetitivas e operacionais que não demandam decisão sendo feitas por pessoas?
  • A minha operação ou processo disponibiliza um sistema capaz de organizar, priorizar, distribuir e comunicar o trabalho que precisa ser feito pelas pessoas?
  • As pessoas precisam operar muitos sistemas ou ferramentas distintas para realizar suas atividades?
  • A minha operação ou processo falha com alguma frequência devido ao excesso de trabalho imposto às pessoas?
  • As pessoas que atuam na minha operação ou processo sofrem para cumprir regras de negócio e/ou regulamentações?
  • Disponho de recursos digitais que podem ser incorporados no dia a dia das pessoas para que elas trabalhem melhor?

A elucubração em torno da Hiperautomação pode ir muito além. As ideias e inovações em torno disso estão diretamente relacionadas com o que conhecemos das nossas operações e processos, e o que dispomos em termos tecnológicos através dos assets digitais.

Um exemplo

Imagine o iBPMS como um asset digital disponível dentro de uma organização, e que em um determinado momento de uma jornada de Hiperautomação, há um processo de negócio automatizado que persiste inúmeros dados operacionais inerentes às tratativas das pessoas que trabalham neste processo.

Poderíamos, por exemplo, utilizar o aprendizado de máquina (ML – Machine Learning) disponível nessa plataforma para que o processo aprendesse com todo o histórico gerado, e que num determinado momento ele fosse capaz de direcionar assuntos específicos para pessoas ou equipes diferentes, ou mesmo resolver casos a partir do conhecimento obtido dos desfechos positivos oriundos de casos resolvidos. Podemos contar com a tecnologia para decidir por nós caso ela tenha um grau de confiança alto a respeito do entendimento de algo, e da recomendação de solução mais apropriada.

Esta nova abordagem permite:

  • Explorar novas oportunidades de automação com a utilização da Inteligência Artificial e ML;
  • Viabiliza a tomada de decisão autônoma e aprimoramentos contínuos nas operações e processos organizacionais;
  • Equilibra tarefas humanas e de máquina para criar uma força de trabalho colaborativa ideal.

 

Conclusão

A Hiperautomação envolve o uso de uma série de capacidades (assets) digitais que servem ao propósito de ajudar as pessoas, e por consequência habilitam a escalabilidade de negócio das organizações. Esses assets digitais representam a digitalização de diversas operações, serviços, funções, processos, ou mesmo plataformas tecnológicas que a organização dispõe. Com essas capacidades disponíveis digitalmente, operações e processos podem orquestrá-las e consumi-las progressivamente, tornando-se cada vez mais digitais.

Nossa missão ao longo desta jornada é estender os seres humanos com o apoio do trabalho digital para que a sua vida melhore, e permitir que os negócios sejam cada vez mais escalados e alavancados.

 

Douglas Katoch

Technical Sales Manager